Bonequinha de Luxo

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domingo, 30 de dezembro de 2012

Bruce/Batman: o figurino do Homem-morcego e da Mulher Gato

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Figurino de Batman

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Bruce Wayne

Bruce Wayne quando veste a roupa do homem-morcego, ele comporta-se como um herói, maneja armas, torna-se valente, violento e vingativo, impulsionado pelo seu ódio ao crime. Ele é um ser dual na medida em que vive um conflito moral e em luta consigo mesmo considerando o homem (Bruce) e a sua fantasia (o homem-morcego), vive sob disfarce para não ser identificado, ocultando uma ambivalência essencial em sua vida, em relação à sua verdadeira identidade. A sua duplicação é também como uma imagem no espelho, um símbolo da consciência, um eco da realidade, que é Bruce Wayne.

Enquanto que Batman é uma fantasia, é o outro lado do mesmo espelho. O seu objetivo é matar os bandidos que destroem Gotham como uma forma simbólica de matar o ladrão que assassinou seus pais.

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A fantasia de Batman

 

Para o autor Julio Cabrera, ao contrário de outros personagens que sofrem metamorfoses no cinema, se transformando em qualquer coisa, Batman não sofre nenhuma alteração em seu corpo (como sofre, por exemplo, Drácula), ele simplesmente veste uma roupa, utiliza um equipamento e adota uma personalidade nova, desenvolvendo atos insólitos do ponto de vista da vida habitual do milionário Bruce Wayne. A transformação é puramente externa, não afeta a personalidade de Bruce, mas somente sua atuação e seu comportamento seriam plausíveis, dizer que Batman e Bruce Wayne são, sem dúvida nenhuma a mesma pessoa. (Cabrera, 2000)

O autor também acrescenta que, quando ele está vestido e age como Batman, Bruce Wayne se torna irreconhecível para os outros. Ninguém diria que ele é Bruce Wayne, porque ele parou de agir como Bruce, de falar e de se comportar como Bruce. Parece que o comportamento funciona melhor como identificador do que a mera vestimenta.

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Símbolo de Batman

O critério que está considerando aqui é o reconhecimento por parte dos outros, isto é, um critério social, por meio do comportamento e não da roupa. E o verdadeiro critério é algo que não pode ser socialmente reconhecido, ou seja, a autoconsciência íntima e pessoal, precisamente o que permite que Bruce Wayne continue preservando sua identidade dupla, tão importante para o combate ao crime na cidade e se preservando.

Com a chegada do Coringa, alguém sem regra e sem conduta, ele continua com sua cruzada contra o crime. Ele aceita o seu destino, paradoxalmente, conduzindo a modificação desse mesmo destino. Ao parar de fugir (realizando as longas viagens), ele perde sua neurose (conflito interno) e conquista o equilíbrio.

O resultado é uma atitude diferente (ausência do medo da vida) que se expressa num caráter mais solidificado e se associa a um destino próprio. Terá coragem de viver e morrer, com consciência de que a sua missão é servir em Gotham City.

Coringa

Coringa

O escritor francês Gérard de Nerval (1808-1855)  assumiu a literatura como um projeto existencial e nele, como em poucos, a literatura e vida confundem-se e ligam-se intimamente, cabendo à literatura o papel de transcender o real. O essencial da sua obra foi publicado nos últimos anos de vida do autor: Voyage en Orient (1851), Les Illuminés (1852), Les Filles du feu (1851) e Aurélia (1855).

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Nerval

 

O escritor disse que: “O homem é duplo”, pois ele via a identidade própria como uma dualidade, um desdobramento, apto às vezes para indefinidas ressonâncias e disfarces, segundo J. P. Richard em Poésie et profondeur.

(Cirlot, 2005)

Para Nerval, o homem possui uma identidade com possíveis desdobramentos e ressonâncias, que desembocam numa dualidade. E a dualidade se observa também em suas obras e para alguns estudiosos o seu desdobramento ou duplicação, se referem a uma consciência da alteridade em suas narrativas de viagem.

Nerval, considerado por muitos como o precursor do Surrealismo era um sujeito atormentado com as suas crises de esquizofrenia, o que não o impediu de traduzir “Fausto”, a obra de Goethe.

A MULHER GATO E OS

FIGURINOS: O PRETO É BÁSICO

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Mulher Gato e Bruce Wayne

 

· O figurino pode servir para identificar um personagem e separá-lo da persona do ator. Os astros famosos têm presença constante nos meios de comunicação e se tornam familiares para o público. Mas, na tela eles precisam ser diferentes, por meio de seu figurino.

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Mulher Gato e Batman

· Seguir os vestígios do simbolismo de uma peça de roupa (como o couro negro) dentro de uma cultura pode ter um significado, mas dentro de outra cultura, um significado bem diferente.

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· A indumentária pode definir o tempo e o espaço em que a história é narrada. Ela pode contribuir para ser utilizada como um documento histórico ou como de Selina e seu figurino realista.

 

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Observação: o texto continua no blog:

www.faroartesepsicologia.blogspot.com

 

Rosângela D. Canassa

domingo, 16 de dezembro de 2012

Análise do filme: “A Felicidade não se compra”:

um conto de Natal

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James Stewart e Donna Reed

 

 

O filme A Felicidade não se Compra (1946) conta a história de George Bailey, um jovem de 28 anos, que deseja fazer muitas viagens, para conhecer o mundo, antes de entrar para a universidade.

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George Bailey (James Stewart)

 

 

George e o irmão vão para uma festa na escola da cidade e lá o protagonista conhece a irmã de um amigo, chamada Mary e eles iniciam o namoro.

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George e Mary (Donna Reed)

 

George teve que abrir mão de seu sonho de viajar pelo mundo para assumir a financiadora e construtora do seu pai, que falecera. Os irmãos Bailey faziam empréstimos financeiros para atender as necessidades de todos da pacata cidade de Bedford Falls.

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George emprestando dinheiro aos moradores da cidade

 

Nesta cidade havia um homem muito rico, o Sr. Potter, que tentava o tempo todo destruir a vida financeira de George.

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Lionel Barrymore (Potter)

 

A época é de Natal e a neve cobre as calçadas de Belford Falls. A cidade foi construída pelos estúdios da RKO, que hoje faz parte da Paramount. Os sets de filmagem que representavam a cidade ocuparam 4 acres, no rancho de Encino da RKO e ficou tudo muito cara toda a produção dos cenários. O Park Bailey foi recriado na Califórnia.

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RKO

Na véspera de Natal, George estava desesperado por causa de uma dívida e não tinha o dinheiro para pagar, então resolveu dar cabo da vida.

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Guarda Bert e George

 

George sem dinheiro para manter a firma e pagar os credores ele tenta o suicídio, mas se depara com um anjo enviado do céu, por um tal de José. George confessa ao anjo que não deveria ter nascido. Então o anjo mostra-lhe como seria a vida de todos na cidade, caso ele não existisse.

 

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Anjo Clarence (Henry Travers) e George (James Stewart)

 

A partir dos acontecimentos, desde a sua infância até aquele momento presente no filme, Clarence vai relembrando os fatos importantes da vida de George, por meio de flashbacks, até que ele percebe que o suicídio não compensa.

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A família de George e os amigos

NOSSOS HERÓIS DO CINEMA: O FEIO-INTERESSANTE

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James Stewart

 

Segundo Edgard Morin, o cinema é um espetáculo plebeu que se apropria dos temas do folhetim e do melodrama em que se encontram em estado quase fantástico, os arquétipos originais do imaginário, as aventuras de morte-sacrifício do herói. O realismo, o psicologismo, o happy end, o humor revelam precisamente a transformação burguesa deste imaginário. (Morin, 1980, p. 25)

Os grandes arquétipos masculinos desabrocham no cinema e os “feios-interessantes” também impõem seu encanto particular, acrescenta o autor. (Morin, 1980, p. 26)

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Frank Capra e James Stewart no set de filmagens

 

O diretor Frank Capra (1897-1991) fez muito sucesso em Hollywood porque ele demonstrava uma fé no homem comum, uma bondade intrínseca que existe no ser humano, conforme comentários do crítico Rubens Ewald Filho. A habilidade deste diretor não era tanto pelos temas, mas pela escolha do elenco.

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Atriz Donna Reed

 

Capra deixa a sua marca que é o corvo Jimmy, do Tio Bailey. Este corvo aparece em todos os filmes do diretor.

Apesar do fracasso de bilheteria o filme ganhou o Oscar de melhor trilha sonora, em 1947 e também ganhou o Globo de Ouro de direção.

O filme “A Felicidade não se compra” é considerado o melhor filme com o tema de Natal, pela TV americana.

UM ANJO CAIU DO CÉU

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Os amigos de George

Além do anjo, George também teve o apoio dos amigos que o ajudaram numa situação difícil. Os psicólogos dizem que, quando temos uma “rede de apoio”, virtual ou não, pode nos levar a melhores opções de saúde e também incentiva a valorizarmos as pequenas conquistas e alegrias do cotidiano. (revista Mente&Cérebro, 2012, p. 31)

Na cidade de Belford Falls, os cidadãos moravam em cortiços e ainda pagavam aluguel para o Sr. Potter. Com os empréstimos realizados pela firma dos irmãos Bailey eles puderam construir suas casas e morar num lugar melhor. Ele também ajudou a construir o Park Bailey, com casas a preço popular.

George desistiu de seu sonho de viajar pelo mundo, por um bem coletivo, ou seja, continuou trabalhando no escritório do pai, junto com o Tio Billy e seu corvo.

Além disso, o dinheiro que ele tinha guardado para as suas viagens no futuro, ele financiou os estudos do irmão mais novo (além de salvar a sua vida quando criança), que foi para a Marinha Americana.

George também custeou as despesas de viagem de Violet, para prosperar na cidade de Nova Iorque, em busca de um emprego e melhores condições de vida.

Apesar de George não acreditar em rezas, o seu anjo da guarda veio ao seu socorro quando ele mais precisava na véspera do Natal.

George é o próprio anjo da cidade de Bedford Falls e “toda a vez que toca um sino é sinal de que um anjo ganhou asas”!

 

 

“A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade”.

 (Immanuel Kant)

 

Ficha técnica:

Título original: It´s a Wonderful life

Título em português: A Felicidade não se Compra

Direção: Frank Capra

Ano: 1946

Gênero: drama

País: EUA

Elenco: James Stewart (George Bailey), Thomas Mitchell (Tio Billy), Donna Red (Mary), Lionel Barrymore (Sr. Potter), Henry Travers (Clarence)

Referência bibiográfica:

1) MORIN, Edgar. As estrelas de cinema. Coleção Horizonte de Cinema. Ed. Livros Horizonte Ltda: Lisboa/Portugal, 1980.

2) Revista Mente&Cérebro – dezembro/2012

DVD - A Felicidade não se Compra – direção de Frank Capra

Sites consultados:

WWW.cineplayers.com/filmes

WWW.google.com.br

www.adorocinema.com

Rosângela D. Canassa/dezembro/2012