Bonequinha de Luxo

Bonequinha de Luxo

domingo, 30 de dezembro de 2012

Bruce/Batman: o figurino do Homem-morcego e da Mulher Gato

clip_image002

Figurino de Batman

clip_image004

Bruce Wayne

Bruce Wayne quando veste a roupa do homem-morcego, ele comporta-se como um herói, maneja armas, torna-se valente, violento e vingativo, impulsionado pelo seu ódio ao crime. Ele é um ser dual na medida em que vive um conflito moral e em luta consigo mesmo considerando o homem (Bruce) e a sua fantasia (o homem-morcego), vive sob disfarce para não ser identificado, ocultando uma ambivalência essencial em sua vida, em relação à sua verdadeira identidade. A sua duplicação é também como uma imagem no espelho, um símbolo da consciência, um eco da realidade, que é Bruce Wayne.

Enquanto que Batman é uma fantasia, é o outro lado do mesmo espelho. O seu objetivo é matar os bandidos que destroem Gotham como uma forma simbólica de matar o ladrão que assassinou seus pais.

clip_image006

A fantasia de Batman

 

Para o autor Julio Cabrera, ao contrário de outros personagens que sofrem metamorfoses no cinema, se transformando em qualquer coisa, Batman não sofre nenhuma alteração em seu corpo (como sofre, por exemplo, Drácula), ele simplesmente veste uma roupa, utiliza um equipamento e adota uma personalidade nova, desenvolvendo atos insólitos do ponto de vista da vida habitual do milionário Bruce Wayne. A transformação é puramente externa, não afeta a personalidade de Bruce, mas somente sua atuação e seu comportamento seriam plausíveis, dizer que Batman e Bruce Wayne são, sem dúvida nenhuma a mesma pessoa. (Cabrera, 2000)

O autor também acrescenta que, quando ele está vestido e age como Batman, Bruce Wayne se torna irreconhecível para os outros. Ninguém diria que ele é Bruce Wayne, porque ele parou de agir como Bruce, de falar e de se comportar como Bruce. Parece que o comportamento funciona melhor como identificador do que a mera vestimenta.

clip_image008

Símbolo de Batman

O critério que está considerando aqui é o reconhecimento por parte dos outros, isto é, um critério social, por meio do comportamento e não da roupa. E o verdadeiro critério é algo que não pode ser socialmente reconhecido, ou seja, a autoconsciência íntima e pessoal, precisamente o que permite que Bruce Wayne continue preservando sua identidade dupla, tão importante para o combate ao crime na cidade e se preservando.

Com a chegada do Coringa, alguém sem regra e sem conduta, ele continua com sua cruzada contra o crime. Ele aceita o seu destino, paradoxalmente, conduzindo a modificação desse mesmo destino. Ao parar de fugir (realizando as longas viagens), ele perde sua neurose (conflito interno) e conquista o equilíbrio.

O resultado é uma atitude diferente (ausência do medo da vida) que se expressa num caráter mais solidificado e se associa a um destino próprio. Terá coragem de viver e morrer, com consciência de que a sua missão é servir em Gotham City.

Coringa

Coringa

O escritor francês Gérard de Nerval (1808-1855)  assumiu a literatura como um projeto existencial e nele, como em poucos, a literatura e vida confundem-se e ligam-se intimamente, cabendo à literatura o papel de transcender o real. O essencial da sua obra foi publicado nos últimos anos de vida do autor: Voyage en Orient (1851), Les Illuminés (1852), Les Filles du feu (1851) e Aurélia (1855).

clip_image012

Nerval

 

O escritor disse que: “O homem é duplo”, pois ele via a identidade própria como uma dualidade, um desdobramento, apto às vezes para indefinidas ressonâncias e disfarces, segundo J. P. Richard em Poésie et profondeur.

(Cirlot, 2005)

Para Nerval, o homem possui uma identidade com possíveis desdobramentos e ressonâncias, que desembocam numa dualidade. E a dualidade se observa também em suas obras e para alguns estudiosos o seu desdobramento ou duplicação, se referem a uma consciência da alteridade em suas narrativas de viagem.

Nerval, considerado por muitos como o precursor do Surrealismo era um sujeito atormentado com as suas crises de esquizofrenia, o que não o impediu de traduzir “Fausto”, a obra de Goethe.

A MULHER GATO E OS

FIGURINOS: O PRETO É BÁSICO

clip_image016

Mulher Gato e Bruce Wayne

 

· O figurino pode servir para identificar um personagem e separá-lo da persona do ator. Os astros famosos têm presença constante nos meios de comunicação e se tornam familiares para o público. Mas, na tela eles precisam ser diferentes, por meio de seu figurino.

clip_image018

Mulher Gato e Batman

· Seguir os vestígios do simbolismo de uma peça de roupa (como o couro negro) dentro de uma cultura pode ter um significado, mas dentro de outra cultura, um significado bem diferente.

clip_image022

· A indumentária pode definir o tempo e o espaço em que a história é narrada. Ela pode contribuir para ser utilizada como um documento histórico ou como de Selina e seu figurino realista.

 

clip_image020

 

clip_image024

clip_image026

Observação: o texto continua no blog:

www.faroartesepsicologia.blogspot.com

 

Rosângela D. Canassa

domingo, 16 de dezembro de 2012

Análise do filme: “A Felicidade não se compra”:

um conto de Natal

clip_image002

James Stewart e Donna Reed

 

 

O filme A Felicidade não se Compra (1946) conta a história de George Bailey, um jovem de 28 anos, que deseja fazer muitas viagens, para conhecer o mundo, antes de entrar para a universidade.

clip_image004

George Bailey (James Stewart)

 

 

George e o irmão vão para uma festa na escola da cidade e lá o protagonista conhece a irmã de um amigo, chamada Mary e eles iniciam o namoro.

clip_image006

George e Mary (Donna Reed)

 

George teve que abrir mão de seu sonho de viajar pelo mundo para assumir a financiadora e construtora do seu pai, que falecera. Os irmãos Bailey faziam empréstimos financeiros para atender as necessidades de todos da pacata cidade de Bedford Falls.

clip_image008

George emprestando dinheiro aos moradores da cidade

 

Nesta cidade havia um homem muito rico, o Sr. Potter, que tentava o tempo todo destruir a vida financeira de George.

clip_image010

Lionel Barrymore (Potter)

 

A época é de Natal e a neve cobre as calçadas de Belford Falls. A cidade foi construída pelos estúdios da RKO, que hoje faz parte da Paramount. Os sets de filmagem que representavam a cidade ocuparam 4 acres, no rancho de Encino da RKO e ficou tudo muito cara toda a produção dos cenários. O Park Bailey foi recriado na Califórnia.

clip_image012

RKO

Na véspera de Natal, George estava desesperado por causa de uma dívida e não tinha o dinheiro para pagar, então resolveu dar cabo da vida.

clip_image014

 

 

 

 

 

 

Guarda Bert e George

 

George sem dinheiro para manter a firma e pagar os credores ele tenta o suicídio, mas se depara com um anjo enviado do céu, por um tal de José. George confessa ao anjo que não deveria ter nascido. Então o anjo mostra-lhe como seria a vida de todos na cidade, caso ele não existisse.

 

clip_image016

Anjo Clarence (Henry Travers) e George (James Stewart)

 

A partir dos acontecimentos, desde a sua infância até aquele momento presente no filme, Clarence vai relembrando os fatos importantes da vida de George, por meio de flashbacks, até que ele percebe que o suicídio não compensa.

clip_image018

A família de George e os amigos

NOSSOS HERÓIS DO CINEMA: O FEIO-INTERESSANTE

clip_image020

James Stewart

 

Segundo Edgard Morin, o cinema é um espetáculo plebeu que se apropria dos temas do folhetim e do melodrama em que se encontram em estado quase fantástico, os arquétipos originais do imaginário, as aventuras de morte-sacrifício do herói. O realismo, o psicologismo, o happy end, o humor revelam precisamente a transformação burguesa deste imaginário. (Morin, 1980, p. 25)

Os grandes arquétipos masculinos desabrocham no cinema e os “feios-interessantes” também impõem seu encanto particular, acrescenta o autor. (Morin, 1980, p. 26)

clip_image022

Frank Capra e James Stewart no set de filmagens

 

O diretor Frank Capra (1897-1991) fez muito sucesso em Hollywood porque ele demonstrava uma fé no homem comum, uma bondade intrínseca que existe no ser humano, conforme comentários do crítico Rubens Ewald Filho. A habilidade deste diretor não era tanto pelos temas, mas pela escolha do elenco.

clip_image024

Atriz Donna Reed

 

Capra deixa a sua marca que é o corvo Jimmy, do Tio Bailey. Este corvo aparece em todos os filmes do diretor.

Apesar do fracasso de bilheteria o filme ganhou o Oscar de melhor trilha sonora, em 1947 e também ganhou o Globo de Ouro de direção.

O filme “A Felicidade não se compra” é considerado o melhor filme com o tema de Natal, pela TV americana.

UM ANJO CAIU DO CÉU

clip_image026

Os amigos de George

Além do anjo, George também teve o apoio dos amigos que o ajudaram numa situação difícil. Os psicólogos dizem que, quando temos uma “rede de apoio”, virtual ou não, pode nos levar a melhores opções de saúde e também incentiva a valorizarmos as pequenas conquistas e alegrias do cotidiano. (revista Mente&Cérebro, 2012, p. 31)

Na cidade de Belford Falls, os cidadãos moravam em cortiços e ainda pagavam aluguel para o Sr. Potter. Com os empréstimos realizados pela firma dos irmãos Bailey eles puderam construir suas casas e morar num lugar melhor. Ele também ajudou a construir o Park Bailey, com casas a preço popular.

George desistiu de seu sonho de viajar pelo mundo, por um bem coletivo, ou seja, continuou trabalhando no escritório do pai, junto com o Tio Billy e seu corvo.

Além disso, o dinheiro que ele tinha guardado para as suas viagens no futuro, ele financiou os estudos do irmão mais novo (além de salvar a sua vida quando criança), que foi para a Marinha Americana.

George também custeou as despesas de viagem de Violet, para prosperar na cidade de Nova Iorque, em busca de um emprego e melhores condições de vida.

Apesar de George não acreditar em rezas, o seu anjo da guarda veio ao seu socorro quando ele mais precisava na véspera do Natal.

George é o próprio anjo da cidade de Bedford Falls e “toda a vez que toca um sino é sinal de que um anjo ganhou asas”!

 

 

“A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade”.

 (Immanuel Kant)

 

Ficha técnica:

Título original: It´s a Wonderful life

Título em português: A Felicidade não se Compra

Direção: Frank Capra

Ano: 1946

Gênero: drama

País: EUA

Elenco: James Stewart (George Bailey), Thomas Mitchell (Tio Billy), Donna Red (Mary), Lionel Barrymore (Sr. Potter), Henry Travers (Clarence)

Referência bibiográfica:

1) MORIN, Edgar. As estrelas de cinema. Coleção Horizonte de Cinema. Ed. Livros Horizonte Ltda: Lisboa/Portugal, 1980.

2) Revista Mente&Cérebro – dezembro/2012

DVD - A Felicidade não se Compra – direção de Frank Capra

Sites consultados:

WWW.cineplayers.com/filmes

WWW.google.com.br

www.adorocinema.com

Rosângela D. Canassa/dezembro/2012

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

AEON FLUX E A CIDADE FANTASMA

cartaz 1

O filme AERON FLUX se passa no ano de 2.411 e conta a história de uma epidemia que exterminou a maioria da população do planeta exceto os habitantes de Bregna. A cidade é governada por um grupo de cientistas ditadores liderados por Trevor Goodchild que descobriu a cura para a epidemia e salvou o restante da população da Terra.

Mas a vacina que ele descobriu acarretou num efeito colateral e todas as mulheres deste território nascem inférteis.

clip_image004

Trevor Goodchild (Marton Csokas)

 

A cidade de Bregna tem um grupo de rebeldes chamados de monikanos, que desenvolveram várias técnicas para se infiltrar no meio da população da cidade e para não serem descobertos contam com a ajuda da agente Aeon Flux. A sua missão é descobrir os mistérios que envolvem aquela cidade.

clip_image006

Agente Aeon Flux (Charlize Theron)

 

A atriz Charlize Theron que interpreta a personagem Aeon Flux realizou um treinamento com o grupo de artistas do Cirque du Soleil. Ela exigiu que não tivesse nenhum dublê e fez questão de participar de todas as suas cenas do filme.

A agente é integrante dos rebeldes e ela pode ser a esperança dos monikanos, que tentam descobrir os mistérios da cidade. Sithandra é outra agente e trabalha com Flux.

 

clip_image008

A rebelde Sithandra (Shophie Okonedo)

Os monikanos fabricam uma droga que contém instruções e quando ingerida a substância entra no sistema neurológico e alcança o cérebro, onde se realiza uma espécie de conferência virtual. Este processo invasivo no corpo possibilita vislumbrar os possíveis resultados da nanobiotecnologia, que está relacionada à manipulação da matéria ao nível molecular, visando à criação de novos materiais, substâncias e produtos aplicados em processos biológicos. (Andrade, 2009, p. 101)

Clonagem humana e nanobiotecnologia

são temas no filme

 

CAPA5

 

Os personagens são clones deles mesmos e os sentimentos, as lembranças do passado não existem mais. Eles são seus próprios fantasmas.

A protagonista percebe que a população trocou a liberdade por uma gaiola. Ela pretende investigar porque as mulheres da cidade nascem inférteis.

A cidade de Bregna é perfeita o suficiente para que todos morram e renascem ali mesmo, numa constante clonagem humana. Os cientistas que lideram a cidade escolhem que vai “ressuscitar” ou não, através do DNA, de quem morre.

O filme mostra o quanto a humanidade pode ficar marcada pelas transformações científicas, quando a ferramenta da tecnologia é utilizada para controlar uma população.

CIDADE DE BREGNA: BERLIM MUTANDE

clip_image012

Túnel de Vento da Aeronática de Berlim, construído em 1932

 

Uma colagem de edifícios ícones é emprestada para a montagem da cenografia do filme. Em Bregna (Berlim/Alemanha), do século XXV é uma cidade dentro de uma redoma que sobrevive após uma catástrofe na Terra. Uma cidade construída artificialmente e moldada pela sociedade tecnológica. A cenografia de Aeon Flux é asséptica e mutante, retrato da realidade em vivem os moradores de Bregna.

 

clip_image014

Sala de condolências do crematório de Berlim

A construção é bauhausiana nos espaços públicos, com suas grandes proporções influenciaram a ficção de Aeon Flux. (Andrade, 2009, p. 99)

 

clip_image016

Casa estilo Bauhaus

clip_image018

Escadarias do Palácio Sanssouci, patrimônio histórico da humanidade,

que fica na cidade de Potsdam a 50 k. de Berlim

 

Apesar de o vírus mortal ter matado 99% da população de Bregna, a cidade é populosa. Mas, o cientista Trevor tenta descobrir melhores resultados para a cura total. A dinastia deste cientista governa a cidade por 400 anos.

Quanto aos rebeldes eles pretendem tomar o poder e durante a missão de exterminar o líder do governo, eles descobrem a origem dos desaparecimentos que continua na cidade.

O FIGURINO FETICHISTA DE AEON FLUX

 

Além do cenário magnífico de Bregna, o figurino elaborado por Beatrix Aruna Pasztor com roupas futuristas é deslumbrante. As referências utilizadas para o filme são do art decó dos anos 20, com traços geométricos e orientais.

 

clip_image020

clip_image022

Roupas fetichista da agente Aeon Flux

 

A roupa fetichista da agente Aeon Flux foi inspirada na agente Emma Pell de “Os vingadores”, um seriado dos anos 60 para a TV. O figurino da atriz Diana Rigg, uma agente poderosa e sensual cujas roupas de couro são de “alta costura” fetichista, popularizou a moda fetichista. (Steele, 1997, p. 43)

clip_image024

A atriz Diana Rigg interpretava a agente Emma Pell, anos 60

clip_image026clip_image028

Personagem da animação de Aeon Flux produzido

em 1991 da MTV

A criação de um figurino é um mecanismo, uma técnica de produção de sentimentos na narrativa fílmica que se converte em elementos de identificação do personagem com a história e de separação do ator e seu personagem. Nesse contexto, o figurino é transformado em um espaço de significados, que pode revelar contextos históricos de uma época ou mais precisamente, aspectos cotidianos, convenções sociais e culturais, e o modo como cada personagem se posiciona no contexto fílmico. (Andrade, 2009, p. 105)

 

clip_image030

O tom sobre tom violeta nas cores do figurino

 

No filme, depois de superar tantas restrições as mulheres querem superar o tempo que consume a vitalidade do corpo que é marcado por tantas experiências científicas.

 

clip_image032

A justiceira Aeon Flux

Ficha técnica:

Título: Aeon Flux

Direção: Karyn Kusana

Ano: 2005

Duração: 1 hora e 33 min.

Elenco: Charlize Theron (Flux), Marton Csokas Trevor), Frances McDormand (Handler), Jonny Lee Miller (Oren), Shopie Okonedo (Sithandra)

Site: www.aeonflux.com

Referência bibliográfica:

ANDRADE, Juan Droguett & Flavio F. A. O feitiço do cinema: ensaios da Griffe sobre a sétima arte. São Paulo: Saraiva, 2009.

STEELE, Valerie. Fetiche: mosa, sexo & poder. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

 

Rosângela D. Canassa

Email para contato: rocanassa@uol.com.br

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

CHAPLIN: O DONO DO RISO

clip_image002

Robert D. Jr (Chaplin)

O filme “Chaplin” produzido nos EUA, em 1992, com direção de Richard Attenborough, conta a história do comediante Charles Spencer Charles, que nasceu no subúrbio pobre de Londres, porém triunfou no cinema e foi ator, diretor, roteirista, produtor, autor de trilha sonora de seus filmes, bem como, foi dono do próprio estúdio cinematográfico.

clip_image004

Charles Spencer Chaplin

A sua história começa quando ele vai atuar no teatro com sua mãe, até o recebimento de um Oscar especial em Hollywood, em 1972, como um dos maiores gênios do cinema. A atriz Geraldine Page (filha dele) interpreta a sua própria avó no filme.

clip_image006

Geraldine Page

Robert Downey Jr interpreta o papel de Chaplin neste filme, que é a biografia do artista. O ator levou para o cinema sua experiência no teatro e recriou toda a sua infância pobre retratando-a por meio de seus personagens, como O Vagabundo.

clip_image008

Robert Downey Jr/Chaplin

O personagem criado por Chaplin é patético e nos diverte ao usar a sua pantomima, com fundo humorístico e composto de perseguições, pancadarias, etc.

O Vagabundo vive na marginalidade, no sentido de viver “à margem da sociedade”, como Chaplin, que durante as suas estadias nos orfanatos de Londres, enquanto sua mãe se recuperava em uma clínica psiquiatra, ele dormia na rua, em muitas ocasiões.

Este personagem é fictício, mas o artista colocou muitos aspectos subjetivos de sua vida particular em suas histórias, inclusive neste personagem.

Chaplin descobriu sozinho seu figurino, que era composto de uma calça fofa, surrada, o paletó descosturado, a bengala e a cartola, tornando o artista inconfundível.

clip_image010

Figurino do Vagabundo

O Vagabundo usa a hábil coordenação motora, a graça, o melodrama, talvez seja o personagem reconhecido como a imagem mais famosa da terra, segundo as palavras do cineasta do cinema mudo, Mack Senett.

clip_image012

Chaplin o dono do riso

O filme também relata sobre a vida amorosa e intensa deste comediante e os problemas de ordem política que o levaram a ser expulso dos EUA, por ser confundido com um comunista.

clip_image014

Paulette Godard, uma das esposas de Chaplin

Charles Spencer Chaplin (1889-1977) rompeu com as técnicas mecânicas e cruas de Sennett e introduziu os traços patéticos e o pano de fundo social em suas farsas, mais estruturadas e ambiciosas. (Bergan, 2010, p. 16/17)

Chaplin e a origem do cinema americano

clip_image015

A década de 1910 fica marcada pela I Guerra Grande Guerra Mundial, que inevitavelmente influenciou o cinema. Com o início do conflito, os filmes americanos começaram a ganhar terreno devido à redução da produção europeia, com exceção da Suécia. A comédia americana surgiu em 1912, com Mark Sennett e sua Keystone Company que era o grupo de policiais trapalhões, que atuaram em muitos filmes mudos. Senett concebeu um tipo de comédia ligeira e irreverente, para sempre associada ao seu nome.

clip_image017

As comédias americanas na década de 10

Charles Chaplin ou Carlitos como ficou reconhecido no Brasil, a sua personalidade acabou fundindo-se com o personagem que criou, dirigiu e nos presentou durante décadas, o Vagabundo.

O seu método de trabalho consistia em fazer numerosas provas até obter a perfeição absoluta, mas tal procedimento prolongava o tempo de filmagem, porém o cineasta não se preocupava com despesas. Chaplin era um homem minucioso e perfeccionista.

clip_image019

Charles Chaplin (o Vagabundo)

O personagem “O Vagabundo” de Charles Chaplin surge pela primeira vez no filme Kid auto races at Vernice e ele começa a produzir os próprios filmes.

Para o crítico Ebert, falar não era a forma de expressão do Vagabundo. Na maioria dos filmes mudos, há uma ilusão de que os personagens conversam, mesmo que não possamos ouvi-los.

Mas o Vagabundo é um mímico até o fundo da alma, alguém para quem a expressão corporal é a forma que encontrou para falar. Ele sobrevive num plano diferente dos outros personagens. (Ebert, 2004, p. 294-295)

clip_image021

Os fundadores da United Artists: Douglas Firbanks, Mary Pickford,

D.W. Griffitch e Charles Chaplin

Em 1919, surge a distribuidora United Artist de Charles Chaplin, Mary Pickfor e de seu marido Douglas Fairbanks e D. W. Griffith e aí começaram a surgir os verdadeiros clássicos chaplinianos. Chaplin produziu 1.500 filmes, em 18 nos de carreira. Ele trabalhou com Harold Lloyd, Buster Keaton e Mack Sennett. O Sr. Sennett (1880-1960) é considerado o pai da comédia cinematográfica (autor da torta na cara), além de ser o maior descobridor de talentos que já houve notícia na história do cinema. Ele descobriu Chaplin e segundo ele, é o maior gênio cômico de todos os tempos. (Moraes, 1991, p. 132)

clip_image023

Chapéu de Chaplin

A origem do cinema está ligada ao “music hall” e às variedades e desenvolveu o gênero cômico baseado nos recursos da pantomima e Charles Chaplin foi o mais popular entre os cômicos do cinema.

Para o crítico Ebert, Chaplin e os demais cineastas do cinema mudo não conheciam limites linguísticos, seus filmes foram para todos os lugares, independentemente do idioma e as falas mais pareciam uma Torre de Babel, erigindo paredes entre as nações (...) Chaplin também era um mestre dos detalhes, um gigante do cinema mudo. (Ebert, 2004, p. 245)

O advento do cinema sonoro:

a imposição da palavra sobre o gesto

clip_image027

O primeiro filme sonoro “The jazz singer”(1927)

No final da década é exibido o primeiro filme sonoro: “O Cantor de Jazz”, de Alan Crosland e a interpretação de Al Jonson. Os filmes sonoros foram um sucesso imediato, mas alguns atores, como Mary Pickford não conseguiu fugir à imagem do cinema mudo e teve que se retirar do cinema.

A Era do Cinema Mudo assistiu à consolidação do sistema de estúdios, que duraria até os anos 50.

Nessa década, as primeiras grandes estrelas, como Garbo e Dietrich iluminaram as telas. Mas, em 1929 uma inovação tecnológica mudaria o rumo do cinema. (Bergan, 2007, p. 20)

clip_image029

Mary Pickford

O advento do cinema sonoro afetou a Comédia Pastelão, mas os talentos de Charles Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd dominaram os filmes de comédia.

Um dos fatores decisivos que contribuíram para o desenvolvimento do cinema era que o público queria saber mais sobre a vida pessoal dos atores e atrizes e os estúdios criaram o star system, onde as estrelas de cinema tinham influencia sob a bilheteria dos filmes. Os estúdios perceberam o valor de identificar atores com certos papéis para que o público os associasse a suas “personalidades”. (Bergan, 2010, p. 21)

clip_image031

Greta Garbo

Durante o período das guerras, por exemplo, as estrelas de cinema participaram no esforço de guerra, interpretando papéis em filmes de propaganda e vendendo ações de guerra. As atrizes de Hollywood normalmente possuem um sex-appeal. Para Serguei Eisensten isso significa que “uma bela estrela norte-americana é conseguido através de muitos estímulos: da textura do tecido de seu vestido; da luz da iluminação equilibrada e enfática de sua figura; (positivo para a plateia norte-americana);etc.” (Einsenstein, 2002, p. 73)

clip_image033

O comediante Oliver Hardy

A era do cinema mudo foi o apogeu da comédia americana, que obteve grande audiência mundial, sobretudo graças ao talento de Charlie Chaplin, Harry Langdon e Stan Laurel e Oliver Hardy.

 

 

Filme: EM BUSCA DO OURO (1925)

Roteiro/Direção: Charles Chaplin

clip_image035

Charles Chaplin – cena do filme

A ideia de Em Busca do Ouro (1925) nasceu num domingo pela manhã na casa do casal Douglas Fairbanks e Mary Pickford. Lá, Chaplin encontrou muitas fotografias das regiões entre a fronteira do Alasca e o Canadá e se lembrou de que lá ocorreu a febre do ouro entre 1869 e 1910. A paixão de milhares de homens desesperados para mudar o rumo de suas vidas, após o achado de algumas pedras de ouro. Ele considerava este filme a sua obra-prima. Na versão original Em Busca do Ouro tem acompanhamento ao piano e na reedição que Chaplin preparou para 1942, acrescentou uma narração em sua própria voz e de uma tentativa de enxertar diálogos na trama. Como o próprio Chaplin afirmou, o filme pelo qual ele mais esperava ser lembrado é Em busca do Ouro.

 

Filme: Tempos modernos

e a era de ouro dos estúdios de Hollywood

clip_image037

cena de Tempos Modernos

A era de ouro é o período que engloba os anos de 1930 a 1950 em Hollywood e ocorre quando os Estados Unidos refeitos da Grande Depressão encontram no cinema uma forma de se reafirmar, seja pelo musical, pelo drama edificante, pela comédia de costumes, seja pelos faroestes. (Borgo, 2009, p. 304)

Assim, esta era a época em que o cinema era o principal divertimento dos americanos em que ele se torna no mundo inteiro o lazer popular por excelência. Isso se deve, antes de mais nada, à revolução técnica do cinema falado que, desbancando rapidamente o cinema mudo, obriga os criadores, de início reticentes diante do que temem vir a ser um simples teatro filmado, domesticar essa nova linguagem e a inventar para ela uma gramática. (...) No mesmo momento, Hollywood se torna a fábrica de sonhos que, através dos gêneros canônicos (....), traz a um público de massa sua dose cotidiana de imaginário. O filme estreou em Nova York em 1936 e foi recebido com desdém pela crítica por ser considerado uma propaganda comunista e um plágio ao filme “A Nós a Liberdade”, de René Clair. Este é também seu último filme sem diálogos. No lançamento, deu prejuízo nos EUA. Em seguida foi proibido na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini, onde o consideraram “socialista”. Chaplin recebeu elogios de todos os seus colegas, desde Eisenstein até Buñuel e Fellini que o definiu acertadamente com estas palavras: “É um homem que fala a outro homem”.

clip_image039

 

 

Filme: O GRANDE DITADOR (1940)

Direção: Charles Chaplin

clip_image041

cena do filme

O filme O Grande Ditador (1940) foi a primeira obra de Chaplin a conter diálogos. No papel do ditador fictício Adenoid Hynkel satiriza o regime nazista e conclama o mundo a reagir ao totalitarismo, num momento em que os Estados Unidos ainda não haviam entrado na Segunda Guerra Mundial. Este é o seu primeiro filme de deixa de interpretar O Vagabundo. Chaplin ainda usa técnicas do cinema mudo e lança novamente a sua crítica feroz contra a sociedade moderna por meio de seu incrível personagem inspirado na figura de Hitler. O ator interpreta um barbeiro judeu que sofre de amnesia. No Brasil, o filme foi censurado pelo governador Getúlio Vergas que, primeiramente, manteve-se neutro em relação à guerra.

(revista Os Clássicos do Cinema)

 

A vida sentimental de um cômico

clip_image043

Cena de Luzes da Cidade

A agitada vida sentimental de Chaplin começou com o seu casamento com Milfred Harris. Eles se conheceram quando ela tinha apenas 14 anos. Casaram-se três anos mais tarde devido à sua gravidez, em outubro de 1918.

Em agosto de 1920, ocorreu o divórcio e num novo casamento de Chaplin com Lita Grey. Eles se casaram em 1924, quando ela tinha 16 anos e, após ter participado como atriz no filme O Garoto (1920), estava previsto que fosse a protagonista do filme Em Busca do Ouro, inclusive chagou a filmar algumas cenas, porém a sua gravidez obrigou-a a deixar o trabalho. O casal tiveram dois filhos: Charles e Sydney. A atriz Georgia Hale, atriz descoberta por Joseph Von Sternberg em 1925, como protagonista de The Salvation Hunters. Quando se incorporou às gravações de Em Busca... ela ficou imediatamente seduzida pelo tratamento dispensado por Chaplin. Anos depois, afirmou que Chaplin oferecia a cena pronta porque nos fazia atuar desde muito tempo antes, aumentando assim a identificação com o personagem nos momentos difíceis.

Depois ele se casa com Paulette Godart e Joan Barry, mãe de um filho dele.

clip_image045

Paulette Godart

Depois, casa-se com Oona O `Neil, filha do dramaturgo Eugene O `Neil.

Chaplin deixou os EUA em 1952, com a mulher e foi morar na Suíça, onde permaneceu até a sua morte, num dia de Natal.

clip_image047

Oona O `Neil, última esposa de Chaplin

O artista do “não dito” com suas pantomimas foi um sucesso com suas tragédias pessoais que transformou em comédias.

Ficha técnicas dos filmes apresentados:

a) Título: Chaplin

Diretor: Richard Attenborough

Ano: 1992

Paises: EUA/Reino Unido/ França e Itália

Elenco: Robert Downey Junior (Chaplin), Diane Lane (Paulette), Dan Aykroyd (Senett), Geraldine Page (Hanna Chaplin), Paul Rhys (Sidney), Moira Kelly (Oona O´Neil), Anthony Hopkins (George Hayd único personagem fictício), Milla Jovovich (Mildred Harris), Marisa Tomei (Mabel Normand), Kevin Kline (Douglas Fairbanks), Maria Pitillo (Mary Pickford) e Déborah Moore (Lita Grey).

b) Título: Em busca do ouro

Diretor: Charles Chaplin

País: EUA

Ano: 1925

Elenco: Charles Chaplin, Mack Swain, Tom Murray, Henry Bergman, Malcom Waite e Georgia Hale.

c) Título: Tempos Modernos

Diretor: Charles Chaplin

País: EUA

Ano: 1936

Música: Charles Chaplin

Elenco: Charles Chaplin, Paulette Godard, Henry Bergman, Tiny Sandford, Chester Conklin, Hank Mann, Stanley Blystone.

d) Título: O grande ditador

Diretor: Charles Chaplin

País: EUA

Ano: 1940

Elenco: Charles Chaplin (Adenoid Hynkel/Barbeiro Judeu) e Paulette Godard (Hanna)

Sites consultadosi/imagens

www.chambel.net

www.historiaecinema2.blogspot.com

WWW.faroartesepsicologia.blogspot.com

Referência bibliográfica:

1) BERGAN, Ronald. Ismos: para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2010.

2) ____________. Cinema: guia ilustrado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.

3) BORGO, Érico. Almanaque do cinema. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009.

4) EBERT, Roger. A magia do cinema: os 100 melhores filmes de todos os tempos analisados pelo único crítico ganhador do Prêmio Pulitzer. Rio de Janeiro, Ediouro, 2004.

5) EISENSTEIN, Serguei. A forma do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

6) MORAES. Vinicius de. O cinema de meus olhos. São Paulo: Cia das Letras/Cinemateca Brasileira, 1991.

7) Revista Os clássicos do cinema: Em busca do ouro. Barcelona: Altaya, 1996.

8) WEISSMAN, Stephen. Chaplin: uma vida. São Paulo: Larousse, 2010.

Rosângela D. Canassa