Bonequinha de Luxo

Bonequinha de Luxo

sábado, 4 de agosto de 2012

EU QUERO SER MARILYN MONROE

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Marilyn por Andy Warhol (1962)

A sala Cinemateca de São Paulo fez uma retrospectiva da atriz recentemente e o curador da mostra disse que a ideia foi mostrar o universo multifacetado de Marilyn Monroe. Ele acrescentou que, todos querem a beleza, o poder, a fama e a fortuna da atriz. De certa forma ela foi a primeira a querer ser Marilyn, porque nasceu Norma Jeane e só depois virou fenômeno. (jornal Folha de S. Paulo – Ilustrada, 03/03/2012)

Marilyn Monroe personificou o glamour de Hollywood com um brilho que cativou o mundo. Com uma beleza sedutora e curvas voluptuosas e um beicinho magnânimo, a atriz era mais que uma deusa nos anos 50.

 

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O desejo de ser a diva Marilyn Monroe fez com que várias atrizes posassem como se fossem a estrela até Norma Jeane.

 

Através dos cosméticos, do penteado e do seu figurino, Marilyn Monroe apresentava uma combinação de mulher sedutora, de glamour e de mistério, bem como, de mulher frágil e destinada ao sofrimento.

Em 1962, Marilyn foi nomeada "A Estrela Mais Popular do Mundo" pelo Golden Globe.

A rainha do glamour fez 30 filmes e deixou o filme “Something's Got to Give” inacabado. Hoje, Marilyn Monroe é um ícone, sinônimo de beleza e sensualidade. Com a sua figura inquietante, sedutora e a sua principal característica é o que chamo de “seduzir sem querer”, ou seja, o seu sex appel fabricado ou não, a atriz se tornou natural diante do público que ela conquistou para sempre, com suas imagens na tela grande.

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Marilyn Monroe e sua última sessão de fotos

Na manhã de 05 de agosto de 1962, a atriz morreu enquanto dormia em sua casa em Brentwood, na Califórnia, no auge dos seus 36 anos.

A morte de Marilyn continua até hoje um mistério a ser desvendado. Suicídio ou assassinato? Ninguém sabe de fato o que aconteceu na noite anterior. Mas, toda a documentação sobre a sua morte foi suprimida pelo FBI. Marilyn foi enterrada no Westwood Memorial Park em Los Angeles

Ela era a estrela entre as estrelas de Hollywood e tornou-se um símbolo sexual. Ela queria as luzes do palco e também um marido, uma casa e uma cama, para poder pousar com o seu badouir muito sexy.

6 MM começo de carreira ruiva

Marilyn na praia

Hollywood dominou o entretenimento popular durante algum tempo, principalmente até meados dos anos 50 e com isso influenciou muito a imaginação de seus espectadores, que guardou na memória,  uma espécie de um retrato da atriz.

Ao longo dos anos, os filmes revelaram a imagem feminina de Marilyn, cuja atriz passou por grandes transformações pessoais e também em termos de carreira artística. Todas as suas experiências não só aquelas apresentadas na tela acabaram sedimentando um perfil de atriz e de mulher.

O que a mulher de hoje tem em comum com a diva? É justamente o desejo de ter a fama, a beleza e a sensualidade da atriz.

E quem não gostaria de ser Marilyn Monroe que jogue a primeira pedra.

Rosângela D. Canassa

 

Ficha técnica do filme: “Sete dias com Marilyn”

Diretor: Simon Curtis

Elenco: Michelle Williams, Eddie Redmayne, Julia Ormond, Kenneth Branagh, Pip Torrens, Emma Watson, Geraldine Somerville, Michael Kitchen, Miranda Raison, Toby Jones, Judi Dench

Produção: David Parfitt, Harvey Weinstein

Roteiro: Adrian Hodges

Fotografia: Ben Smithard

Trilha Sonora: Conrad Pope

Duração: 99 min.

Ano: 2011

País: Reino Unido/ EUA

Gênero: Drama

Cor: Colorido

Distribuidora: Imagem Filmes

Estúdio: BBC Films / Lipsync Productions / Trademark Films / UK Film Council / The Weinstein Company

Classificação: 12 anos

Prêmios

Vencedor do Globo de Ouro 2012 de Melhor Atriz (Musical ou Comédia) para Michelle Williams

Referência bibliográfica

1- CINEMATECA da revista Veja – vol. 16 – 2008.

2- FAUX, Dorothy Schefer. Beleza do século. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2000.

3- GODARD, Jean-Luc. Definition and Ilustration of Classical Cinema. New York, The Viking Press, 1968

4- Jornal Folha de São Paulo – março/2012.

5- LANDIS, Deborah Nadoolman – Dressed: a century of Hollywood costume design. N. York, 2007.

6- LESSANA, Marie-Magdeleine. Marilyn: retrato de uma estrela. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.

7- MACKEZIE, Mairi. Ismos: para entender a moda. São Paulo: Globo, 2010.

8- MAY, Lary. Screening Out the Past. Oxford University Press, 1980.

9- MULVEY, Laura. Fetishism and Curiosity. London: BFI/Indiana Um. Press, 1996.

Imagens/livros:

1- BAUDOT, François. Moda do século. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

2- BLACKMAN, Cally. 100 anos de moda. São Paulo: Publifolha, 2011.

3- LANDIS,Deborah Nadoolman – Dressed: a century of Hollywood costume design. N. York, 2007.

4- LESSANA, Marie-Magdeleine. Marilyn: retrato de uma estrela. Rio de Jnaeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.

O STAR SYSTEM E A ESTRELA POPULAR: MARILYN MONROE

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O sorriso de Marilyn Monroe

 

Após a 2a Guerra Mundial, os Estados Unidos era a nação mais poderosa e rica do mundo e os negócios da indústria cinematográfica, asseguravam a sua influência em todo o planeta.

O star system americano foi importante porque renovou a arte da maquiagem, do vestuário, do comportamento, da maneira de fotografar as estrelas e também da cirurgia que aperfeiçoa e embeleza e conserva a fábrica dos deuses do cinema.

Max Factor foi o artesão de perucas e também o esteticista contratado pelos estúdios que lucrou com essa indústria nascente lançando a sua própria linha de cosméticos. (Mackenzie, 2010, p. 77)

 

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Marilyn Monroe e James Dean, atores do star system

O star system ingressava nos belos anos de sua história. A atividade cinematográfica era estimulada para dar moral às tropas e às populações da 2ª. Guerra. As estrelas femininas faziam personagens fortes, abordavam os temas da coragem, da guerra, da dedicação, sobre um fundo romântico. (FAUX, 2000, p. 140)

Os filmes de Hollywood e suas atrizes de estúdio davam poder ao cinema e também era assegurado através de seu poder econômico, do seu sistema de produção, de distribuição e de exibição muito bem organizado e totalmente centralizado na imagem dos seus atores.

Desde em então, o star system é o coração da indústria cinematográfica, sendo um sistema de agenciamento dos atores e atrizes onde são realizados contratos milionários de exclusividade, incluindo um código ético e moral em público, que balizava as relações no meio artístico de Hollywood.

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Marlon Brando e Marilyn Monroe

 

A indústria cinematográfica investia na imagem da estrela de acordo com o star system, que ajudava a controlar as atrizes mais populares e que refletia no crescimento dos negócios. Multidões de pessoas eram atraídas às salas de cinema para assistirem nas telas as atrizes que eram lançadas e promovidas em filmes.

Enquanto isso, os esquemas de sedução do consumidor estavam sendo entrelaçados com os poderes da imagem feminina na tela que crescia. Hollywood desenvolveu junto à imagem de Marilyn Monroe, a promoção do desejo, da aparência e do glamour, cuja imagem se perpetuou até os nossos dias.

A fábrica de sonhos e o star system hollywoodiano realizava a atividade cinematográfica baseada em contratos, sendo que o ator não escolhia os papéis que desempenhava. Mas, a heroína vinha de um lugar comum.

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Marilyn a atriz mais popular de Hollywood

A autora Laura Mulvey cita Mary May que resume este fenômeno: “A heroína feminina era encontrada geralmente na sociedade urbana contemporânea e fosse ela uma mulher emancipada ou uma garota encarnada por Clara Bow, Mae Murray, Joan Crawford, Gloria Swanson, Norma ou Constance Talmadge, ela retratava uma jovem inquieta, ansiosa para escapar de um lar ascético.” (Lary May, Screening Out the Past, Oxford University Press, 1980, p. 218)

 

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Marilyn e Michelle

Dentro do star system a beleza-juventude das estrelas femininas era em torno dos 20-25 anos e depois da década de 40, a heroína poderia fazer sucesso mesmo com 40 anos.

 

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Marilyn e a publicidade do sabonete Lux

Marilyn estava dentro dos padrões e a sua maquiagem era muito bem estudada, mais natural do que a das sereias fatais do cinema, porém mais sedutora sendo o resultado de apenas três horas de trabalho; base, pó, sombra, rímel, cílios postiços, delineador, um batom rosa coberto de vaselina para dar à boca um volume voluptuoso, criaram uma imagem sem igual. (FAUX, p. 161)

Segundo Edgar Morin, uma evolução natural progressiva tendia para reunir no interior de cada filme o que estava espalhado em gêneros especializados. A mistura de vários temas (amor, aventuras, cômicos) dentro de um mesmo filme também se esforçava por responder ao maior número possível de exigências específicas e dirige-se a um público variado, segundo as normas do star system. Mas, o problema ocorreu quando os filmes exploravam a imagem feminina nas telas de cinema e com isso confundiu a imagem da mulher, como um componente erótico e como espetáculo de mercadoria, como ocorreu com a atriz.

 

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Marilyn Monroe

Dentro da estrutura narrativa, o espetáculo sexual e a feminilidade tendem se confundir, entre a beleza, a feminilidade e a sexualidade no cinema. Desta forma, a imagem da mulher começa a ser associada a segredos, a algo que permanece obscuro e nasce a femme fatalle. A imagem do cinema adquire um “inconsciente” que tem a sua fonte na ansiedade masculina e no desejo projetado sobre uma feminilidade incerta. (Mulvey, 1996,p. 133)

A América nos anos 50 propõe as questões do corpo feminino muito misturado à erotização do consumo e da mercadoria. A atriz Marilyn Monroe, uma representante do star system, na última entrevista de sua vida disse: “Este é o problema, um símbolo sexual torna-se uma coisa e eu odeio ser uma coisa. Mas se eu for me tornar um símbolo de alguma coisa, eu prefiro que seja de sexo.” (Mulvey, 1996, p. 136)

Segundo Laura Mulvey estas imagens e histórias produzidas no auge de Hollywood são continuamente recicladas na televisão e no vídeo; por isso, a cultura popular através da citação e repetição de padrões narrativos, pode retirar delas um “livro de recordações” reconhecível na iconografia e nos gêneros”. (Mulvey, 1996, p. 124)

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O close-up de Marilyn Monroe

A autora acrescenta também que, a fascinação com a beleza feminina foi comentada por Jean-Luc Godard que cita o diretor americano D. W. Griffith, tocado pela beleza de sua atriz principal e inventou o close-up para captá-la em detalhes. (Jean-Luc Godard, Definition and Ilustration of Classical Cinema, New York, The Viking Press, p. 28, 1968)

A autora não acredita que Griffith inventou o close-up, mas sim a luz difusa e as lentes especialmente adaptadas para a sua estrela favorita, Lilian Gish. O cinema estava desenvolvendo as convenções da montagem em continuidade, que deram ao produto hollywoodiano seu movimento e excitação.

De outro lado, o close-up da estrela teria a força de suspender a história, cortando a imagem da star do fluxo geral da narrativa, enfatizando sua função como espetáculo à parte. Deste modo, uma disjunção aparecia entre a imagem da mulher na tela, intensificada como espetáculo, e o fluxo geral da continuidade narrativa que organizava a ação. (Mulvey, 1996, p. 126)

 

clip_image009 Coleção 1992 Primavera-VerãoCindy Crawford

Marilyn com vestido de saco de batatas e  Cindy Crawford usando o mesmo modelo da atriz

 

Mesmo numa publicidade de sabonete LUX ou usando um vestido costurado com saco de batatas, ela era soberana.

Rosângela D. Canassa

NASCE UMA ESTRELA: NORMA JEANE MORTENSON

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Norma Jeane Mortenson

Marilyn Monroe com a sua aparente vulnerabilidade, inocência e com uma sensualidade natural a levaram a ser a atriz mais popular de Hollywood nos anos 50.

 

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Norma Jeane Mortenson

 

Marilyn Monroe nasceu com o nome de Norma Jeane Mortenson, em 01 de junho de 1926, na cidade de Los Angeles, Califórnia. Mais tarde, ela foi batizada como Norma Jeane Baker. A sua mãe, Gladys Pearl Monroe tinha pouco dinheiro e sofria de problemas mentais e a identidade do pai de Marilyn é desconhecida. Desejando uma vida melhor para sua filha, Gladys enviou Norma Jeane para viver com a família Foster.

Marilyn viveu com muitas famílias durante sua infância e com 9 anos entrou em um orfanato, onde viveu até junho de 1937.

Em 19 de junho de 1942, Norma Jeane, com apenas 16 anos, se casou com o seu vizinho Jimmy Dougherty, de 21 anos, a quem ela chama de “papai”, como no filme “Os homens preferem as loiras”.

Eles se conheceram enquanto ela trabalhava em uma instalação aérea. Enquanto o marido estava na guerra, Marilyn iniciou a sua carreira de modelo, que acabou interferindo na relação. O divórcio ocorreu em junho de 1946, a contragosto de Dougherty.

Em 1944, Norma já havia sido fotografada no serviço por um jornalista, como parte de uma reportagem do exército que mostrava as contribuições femininas para o esforço da guerra. O fotógrafo pediu para ela tirar mais fotos e logo ela iniciava a sua carreira de modelo.

Em 1945, a beleza cativante e ingênua de Norma Jeane Dougherty tinha conseguido sua popularidade e ela emplacou a capa das 33 maiores revistas da época, nos EUA.

Em 1946, ela foi trabalhar como modelo enquanto iniciava sua carreia cinematográfica. Marilyn assinou um contrato com a 20th Century-Fox, que iniciou com o salário de U$ 125 por semana. Logo após assinar com a Fox, Norma Jeane começou a usar o nome de "Marilyn Monroe".

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Norma Jeane no início de sua carreira

 

Além da mudança de nome, ela também mudou a aparência e tingiu o  cabelo de ruivo para o loiro e acrescentou uma pinta na face esquerda, mudando o rosto radicalmente.

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A metamorfose de Marilyn Monroe

A primeira atuação de Marilyn foi um papel num filme de 1947 intitulado: “Sua Alteza, a Secretária”, de George Seaton. Mas, o papel é tão pequeno que seu nome não consta nos créditos. Ela continuou a atuar em pequenos papéis até que surgiu o filme “O segredo das Joias”, de 1950, com direção de John Huston.

A sua performance no filme “A malvada”, de 1950 garantiu a ela grande reputação, ao lado da atriz Bette Davis, apesar de seu nome não constar nos créditos do filme. Os figurinos são dos designers Edith Head e Charles Lemaire.

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Cena do filme “A malvada” (1950)

 

Marilyn tinha grande senso de humor e deu respostas memoráveis diante da agressividade dos jornalistas, ávidos para reduzi-la a certos estereótipos bem degradantes. (Lessana, 2006, p. 36)

A sua atuação no filme “Niagara” (Torrentes de paixão, título no Brasil), de 1953, transformou-a numa estrela de Hollywood.

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Marilyn no filme “Torrentes de Paixão”

 

Marilyn posou para a revista Playboy com fotos feitas para um calendário de 1949, totalmente nua. Ela também deixou a sua marca na calçada da fama em Hollywood e é intitulada a vampe de sexo devorador, símbolo do novo star system.

Em 1953, ela conseguiu o papel no filme “Os homens preferem as Loiras”, de Howard Hawks e contracenou com Jane Russell, grande atriz de Hollywood. Os figurinos magníficos deste filme foram elaborados pelo designer Travilla.

 

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Marilyn Monroe e Jane Russell, no filme

“Os homens preferem as loiras”

Tudo o que Monroe fez foi censurado pela Igreja Católica, incluindo a sua performance no filme “Os homens preferem as loiras” que é tão inofensivo pelos padrões atuais.

Marilyn era cheia de curvas e fez muito sucesso neste filme usando um vestido tipo coluna rosa de tafetá. Com luvas combinando e usando joias com diamantes, a atriz canta a canção: “Diamonds are a girl best friend” (Os diamantes são os melhores amigos de uma garota).

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Cena do filme “Os homens preferem as loiras”

 

Os Estados Unidos dos anos 1950 queria livrar as mulheres da culpa do sexo e tratava de mostrar nos filmes um erotismo cômico, leve, coerente com a vida conjugal, uma espécie de entretenimento. Isso fazia com que os estúdios aceitassem que Marilyn desencadeasse uma vibração sem precedentes, mas temiam que ela encarnasse o que há de baixo e escuro no erotismo, sua força obscena de destruição (...). Eles queriam explorá-la como brinquedo glamoroso e ao mesmo tempo alegre e degradado. (Lessana, 2006, p. 53)

 

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Bette Grable, Lauren Bacall e Marilyn Monroe

“Como agarrar um milionário” (1953)

Outro sucesso no mesmo ano foi o filme “Como agarrar um milionário”, com direção de Jean Negulesco, com participação de Bette Grable, Lauren Bacall e Marilyn Monroe. Os figurinos do designer Travilla.

Em 14 de janeiro de 1954, Marilyn teve o seu segundo casamento com o superstar do baseball, o siciliano Joe DiMaggio. Nove meses depois Monroe e DiMaggio se divorciaram.

Durante uma conferência com a imprensa, o procurador de Monroe atribuiu o rompimento em decorrência dos conflitos com a carreira da atriz. O que de fato ocorreu segundo os biógrafos de Marilyn é que DiMaggio espancou Marilyn depois da atriz gravar a famosa cena com as saias levantadas, no filme “O pecado mora ao lado”, de 1955, com direção de Billy Wilder.

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Cena do filme “O pecado mora ao lado” - 1955

 

Segundo Wilder, Marilyn possuía um instinto natural para dizer um texto cômico e lhe dar um tom especial, um estilo à parte. Ela nunca era vulgar, mesmo num papel que tinha tudo para isso acontecer e de certa maneira a gente sabia isso quando a via na tela. (Lessana, 2006, p. 63)

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Lauren Bacall, Humphrey Bogart e Marilyn Monroe

 

Em sigilo, a atriz já planejava a sua partida de Hollywood e seus advogados estudavam uma maneira de demonstrar a nulidade de seus contratos. O objetivo da estrela era de criar a sua própria produtora com o amigo e fotógrafo Milton Greene.

Depois de muitos filmes que a transformaram em apenas mais um rosto bonito de Hollywood e com salários muito baixos, ela deixou os estúdios e foi morar em Nova York. Marilyn dizia que: “Em Hollywood paga-se mil dólares por um beijo e 50 centavos por sua alma. Eu sei, porque recusei a primeira oferta várias vezes e acabei com os 50 centavos”. (Cinemateca Veja, 2011, p. 30)

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Marilyn no filme “Nunca fui santa” - 1956

 

Em 1956, Marilyn abriu a sua própria produtora a “Marilyn Monroe Productions”, com o sócio Milton Greene e produziu os filmes: “Nunca fui santa” (1956) e “O príncipe encantado” (1957). Estes dois filmes serviram para a atriz revelar o seu talento, como ela tanto desejava.

Em 1959, ela produziu o filme “Quanto mais quente melhor”, com direção de Billy Wilder, cujo diretor admirava muito Marilyn como mulher e atriz.

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Figurino do filme “Quanto mais quente melhor” – 1959

Quanto ao figurino do filme causou um grande escândalo na época. O vestido branco e prata era transparente, na altura do joelho, com forro de chiffon. Embora os apliques estavam estrategicamente colocados poderia ver através do vestido os seios de Marilyn Monroe. Além disso, a parte de trás do vestido era recortado quase até o traseiro. Alguns anos mais tarde, ela usou um vestido muito semelhante quando ela cantou “Happy Birthday”, para o presidente Kennedy.

Como se sabe, a atriz vivia se atrasando para as filmagens porque tinha pânico de entrar em cena, antes da gravação. Mas Billy Wilder sabia lidar com Marilyn e a desculpava, dizendo que ele tinha uma avó que nunca se atrasou, a vida inteira; mas ninguém pagaria um centavo para vê-la.

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Marilyn no filme “Quanto mais quente melhor”

Em 1960, Marilyn ganhou o prêmio “Globo de Ouro” como melhor atriz pela comédia “Quanto mais quente melhor”.

Rosângela D. Canassa

Análise do filme

“Sete dias com Marilyn”

e o star system americano:

um olhar sobre as estrelas

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Eu sabia que pertencia ao público, que pertencia ao mundo inteiro, não pelo meu talento ou mesmo pela minha beleza, mas porque nunca tinha sido de ninguém...” (Marilyn Monroe)

O filme “Sete dias com Marilyn” ganhou o Oscar de Melhor Atriz, em 2012, cujo prêmio foi concedido a Michelle Williams no papel de Marilyn Monroe.

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Marilyn Monroe (Michelle Williams)

O filme dirigido pelo cineasta inglês Simon Curtis conta a passagem de Marilyn Monroe, em 1956, quando foi pela primeira vez a Londres, para filmar a comédia romântica “O príncipe encantado” (1957), com Laurence Olivier.

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Marilyn e Colin Clark (Eddie Radmayme)

 

O filme foi baseado no livro “Minha semana com Marilyn” em que Colin Clark conta como foram seus dias ao lado da maior estrela do cinema dos anos 50. Ele era assistente do prestigiado ator e diretor britânico, Laurence Olivier. O assistente tinha apenas 23 anos e transformou-se em um confidente de Marilyn.

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Colin Clark e o ator Eddie Radmaym

 

O longa-metragem “Sete dias…” mostra os conflitos que esta relação causou nos bastidores da produção do filme. Colin contou para todo mundo a sua experiência com a atriz e causou muita inveja.

Ao conhecer Colin surge outra Marilyn tão comum e que não se impõe porque é uma celebridade. A sua passagem por Londres, entre idas e vindas durou apenas quatro meses, como relata o filme.

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Cena do filme “Sete dias com Marilyn”

Neste filme, a divina Marilyn está tão infeliz que se perde no seu sofrimento e também nas cenas que tem que gravar para o filme “O príncipe encantado” e acarreta num constrangimento entre a atriz o e o ator famoso.

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Keneth Branagh interpreta Laurence Olivier no filme

“O príncipe encantado” (1957)

A versão teatral de “O príncipe encantado” trata da vida do monarca de país fictício, que se apaixona por uma atriz de cabaré americana e que havia sido protagonizada pela atriz Vivien Leigh, a Scarlet O´Hara, do filme “... E o vento levou” (1939). Por pressão do estúdio e do star system (por conta da idade da atriz, com 43 anos), Vivien Leigh interpretada por Julia Ormond cedeu o papel para Marilyn Monroe.

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Vivien Leigh (Julia Ormond) e

Laurence Olivier (Keneth Branagh)

O filme releva os problemas pessoais da diva Marilyn Monroe e que refletia em sua carreira e vice-versa. Mas, a elegância e a beleza ela conservava acima de tudo.

Os astros e estrelas de Hollywood tinham um estilo de vida, que os americanos começaram a acompanhar graças ao cinema e a televisão que transmitia os acontecimentos das celebridades. Enquanto isso, a tradição e os valores conservadores na sociedade americana voltaram a ser o espelho que todos precisavam mirar, depois da 2ª. Guerra Mundial.

Em 29 de junho de 1956, Marilyn casou-se com o dramaturgo Arthur Miller e ela achou que tinha chegado a hora de ser uma esposa americana, por excelência.

Nessa época, o modelo de mulher era a dona de casa perfeita.  Marilyn tentou  copiar o modelo e sofria porque não conseguia ser a esposa que gostaria de ser.

O papel de mãe ela também não desempenhou considerando os abortos que sofreu. A atriz tinha em casa o melhor aspirador de pó, mas não tinha o talento de uma dona de casa, quando se casou com Miller.

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Arthur Miller e Marilyn Monroe

Em 1961, ela protagoniza o filme “Os desajustados”, com direção de John Huston. Miller escreveu o roteiro do filme, com Marilyn no papel principal.

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Marilyn preparando-se para a gravação do filme

“Os desajustados” – 1961 – figurino de Jean Louis

 

Nos anos 50, Miller viveu o auge de sua fama e ao ser convocado a depor numa comissão do Congresso dos EUA, que investigava a ligação de artistas com o comunismo, ele se recusou a delatar os colegas, apesar da ameaça de prisão por desacato à autoridade.

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Elenco do filme “Os desajustados” de 1961

 

Miller se transformou num ícone intelectual, com a sua obra-prima “A Morte do Caixeiro-Viajante”, peça que simboliza o fracasso do “sonho americano”. Ele morreu de complicações decorrentes de um câncer, aos 89 anos.

O casamento da atriz com o dramaturgo durou de 1956 a 1961. Miller confessou depois do divórcio, que a convivência com Marilyn foi um período infeliz, porque ele parou de se dedicar ao trabalho para cuidar da esposa. Ela tinha uma preocupação excessiva com a sua aparência e dizia que precisava dormir bem para poder gravar no dia seguinte. Então, os remédios para dormir eram de uso constante e segundo Miller ela vivia aquele torpor que estes remédios causam quando usados em excesso e isso o deixou muito perturbado.

Na verdade, Miller não soube lidar com esta situação e também pressionava a esposa para aceitar papéis que ela não queria, por causa da situação financeira do casal.

Em contrapartida, Marilyn lidava mal com seus negócios e fortuna.

 

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Marilyn no filme “Os desajustados”

Mas, o seu brilho maior era ser Marilyn Monroe e este papel foi difícil para ela, a atriz não conseguiu protagonizar por muito tempo, devido a sua instabilidade emocional e as pressões que sofreu durante a sua carreira.

Rosângela D. Canassa