Bonequinha de Luxo

Bonequinha de Luxo

domingo, 10 de junho de 2012

Análise do filme:

COCO CHANEL & STRAVINSY: UM ROMANCE SECRETO

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O filme COCO CHANEL & STRAVINSY conta a história do breve romance entre a estilista francesa Coco Chanel (1883-1971) e o compositor russo Igor Fyodorovichi Stravinsky (1882-1971).

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Coco Chanel (Anna Mouglalis)

 

A atriz Anna Mouglalis interpreta a estilista Coco Chanel e seus acessórios inseparáveis: colares de pérolas, casaquinho masculino e cigarro.

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Mads Mikkelsen interpreta o compositor Stravinsky

O compositor fugiu para a França para se estabelecer posteriormente nos EUA, em 1940. (Riding, 2006, p. 328)

Stravinsky teve enorme influência na música moderna. Ele passou a maior parte da sua vida na França e nos EUA. Filho de cantor de ópera, estudou com Korsakov e em pouco tempo já compunha para os Ballets Russes de Diaghilev.

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O compositor Igor F. Stravinsky

As obras O pássaro de fogo e A sagração da primavera chocaram com seus ritmos frenéticos e o vívido colorido orquestral.

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A obra “A Sagração da Primavera”, de Stravinsky

Enquanto esteve na França, o compositor russo trabalhava na apresentação de uma de suas obras-primas: A sagração de primavera e trabalhava com Serguei Diaghilev.

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Serguei Diaghilev

Coco Chanel durante uma festa em Paris, na década de 20, ela é apresentada ao compositor, recém chegado na cidade, como exilado da nova União Soviética.

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Em 1920 eles se conhecem em Paris

 

Nesta ocasião, Coco convida Stravinsky, juntamente com sua esposa e filhos a passarem uma temporada em sua casa de campo. E lá eles passam a ter um caso de amor secreto.

 

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Stravinsky e Coco, o idílio amoroso

O romance entre Coco e Igor estava dando certo, até o momento em que Coco pede que o amante abandone a esposa e fique somente com ela.

 

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As roupas começaram a ficar mais curtas e ganharam franjas, na década de 20

 

O romance entre Coco e Stravinsky termina sem muito trauma, o compositor prefere ficar com a esposa e os filhos e deixa a estilista.

 

 

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A atriz Anna Mouglalis

UM REENCONTRO INESPERADO COM STRAVINSKY

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Coco, Stravinsky e amigos em 1928

 

Em 1928, Chanel reencontra seu admirador da época, Stravinsky, que ela acolheu em sua chegada à França. Os anos transcorridos mostraram um desinteresse de Stravinsky para o balé, para o qual praticamente nada compôs desde 1920.

Mas, em Apollon misagète (Apolo condutor das musas) renasce finalmente sua fértil colaboração com Diaghilev. A obra foi composta durante os anos de 1927/28, com figurino de Coco Chanel.

Escrito para cordas, esse balé marca o retorno de Stravinsky ao classicismo e o balé ficou célebre.

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Apollon misagète

 

Stravinsky gostava muito de Chanel e conservou este sentimento  durante toda a sua vida, como uma relíquia, um ícone.

Quanto à Chanel ela prosseguiu com a sua carreira com a moda e o perfume Chanel no. 5. A estilista esboçou o perfil da nova mulher sofisticada e moderna, do início do século XX e deixou sua marca na moda, por toda a eternidade.

 

Ficha técnica do filme:

Título do filme: Chanel Coco & Igor Stravinsky

Direção: Jan Kounen

Paises: França/Japão/Suíça

Gênero: drama

Tempo de duração: 119 minutos

Ano: 2009

Elenco: Anna Mouglalis (Coco) e Mads Mikkelsen (Igor)

Referência bibliográfica:

1- BAUDOT Baudot, François. Moda do século. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

2- CATÁLOGO da exposição FILME FASHION, no período de 27/5 a 15/7/2003 – Centro Cultural do Banco do Brasil.

3- CHARLES-ROUX, Edmonde. A era Chanel. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

4- COSTA, Cacilda Teixeira da. Roupa de artista: o vestuário na obra de arte. São Paulo: Edusp/Imprensa Oficial, 2009.

5- ECO, Umberto. História da beleza. São Paulo: Ed. Record, 2010.

6- FAUX, Dorothy Schefer. Beleza do século. São Paulo: Cosac Naify, 2000.

7- MACKENZIE, Mairi. Ismos: para entender a moda. São Paulo: Globo, 2010.

8- MAZZEO, Tilar J. O segredo do Chanel no. 5: a história íntima do perfume mais famoso do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

9- OLIVEIRA JUNIOR, Luiz Carlos. Jean Renoir: a regra do jogo. São Paulo: Moderna, 2011, (Coleção Folha cine europeu)

10- RIDING, Alan. Guia Ilustrado Zahar: ópera. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.

 

Imagens/livro:

CHARLES-ROUX, Edmonde. A era Chanel. São Paulo: Cosac Naify, 2007

OS ANOS 30 E A MODA DURANTE A GRANDE DEPRESSÃO

 

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Toda a euforia dos “anos loucos” acabou com a quebra da Bolsa de Nova Yorque, em 1929, causando falência nas indústrias e muito desemprego, afetando toda a economia mundial. O período seguinte ficou conhecido como a Grande Depressão.

Com a recessão surgiram os regimes totalitários tais como: Getúlio Vargas (Brasil), Hitler (Alemanha), Mussolini (Itália), Salazar (Portugal), Franco (Espanha) e Stalin (antiga União Soviética) e um período de crise reflete nas roupas que será mais sóbria. A mulher continua sofisticada, com elegância e leveza, mas afastando-se do estilo melindrosa.

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Cena do filme “Desejo e Reparação” (2007), anos 30 cintura marcada

 

No fim da década de 30, mangas bufantes, cinturas no lugar e ombreiras estavam tornando elegante a figura de ampulheta. (Mackenzie, 2010, p. 161)

 

CHANEL EM HOLLYWOOD

Na década de 30 nos EUA, os produtores de cinema procuravam novas plateias e encontraram as mulheres e elas eram vistas como as consumidoras de cinema, então eles trataram de vender moda, vestindo as suas estrelas apenas com a última moda parisiense.

Chanel  em Mônaco é apresentada pelos amigos a Sam Goldwyn, famoso diretor em Hollywood que a convida a vestir as suas estrelas. Este diretor desejava que as mulheres fossem ao cinema e o seu plano era que as mulheres fossem ver a estrela e o seu vestido luxuoso. Chanel aceitou ser contratada por um milhão de dólares. Goldwyn não queria que ela fosse uma simples costureira, mas reformar com ela o gosto das rainhas de Hollywood.

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Coco Chanel em Hollywood

 

Chanel foi ao novo trabalho em abril de 1931, acompanhada de uma amiga. O estilo de Coco Chanel no cinema foi importante porque renovou a arte da maquiagem, do vestuário e do penteado.

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Cena do filme “Esta noite ou nunca” – 1931, com Gloria Swanson e figurino de Chanel

Com a recessão e 12 milhões de pessoas desempregadas, Hollywood poderia oferecer uma oportunidade para manter a maison aberta. Esta possibilidade entusiasmava Chanel a fazer os figurinos no cinema.

 

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Greta Garbo também usava Chanel

O cinema exerceu grande influência sobre a moda a partir da década de 30. Roupas, penteados e maquiagens das estrelas de Holywood lançavam tendências prontamente disseminadas e os estúdios logo desenvolveram estruturas comerciais para lucrar com o fascínio do público pelas divas dos filmes. (Mackenzie, 2010, p. 62)

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Nora Gregor e Jean Renoir protagonistas do filme “A regra do jogo” (1939), com figurinos de Chanel

 

Em 1938, Jean Renoir pede a Chanel para fazer os figurinos de seu próximo filme “A regra do jogo”. Em colaboração com o diretor francês, as roupas são usadas como disfarces e para expressar a casta social à qual pertencem os personagens.

Hollywood dominou o entretenimento popular durante algum tempo, principalmente, no período da década de 20 até meados dos anos 50 e com isso influenciou muito a imaginação do público. E na década de 30, apesar da crise, com milhões de americanos desempregados, o cinema funcionava com uma válvula de escape. A certeza era que os filmes tinham que ter final feliz, era uma regra.

Mas, Chanel abandonou Hollywood assim que pode, ela não quis aceitar se subordinar aos caprichos das estrelas e não voltou mais. E Sam Goldwyn teve que aceitar calado.

Chanel causou uma grande transformação em termos de figurino na meca do cinema. A hegemonia mundial do cinema americano dependia das estrelas. Assim, era preciso a qualquer preço imortalizá-las. (Mackenzie, 2011, p. 280)

 

A MODA DA DÉCADA DE 40 E O PERFUME CHANEL no.5

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Coco, Ernest Beaux e Marilyu Monroe

 

 

Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta-costura e suas maisons e muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo as levaram para outros países.

Os artistas, também fugindo do Nazismo se instalaram em Nova York que se tornou a nova capital europeia.

A Alemanha ainda tentou destruir as maisons, mas não teve êxito. Durante a guerra, 92 ateliês continuaram abertos em Paris, apesar das regras de racionamento, impostos pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar e utilizar na fabricação das roupas, mas, a moda sobreviveu à guerra.

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Moda anos 40

 

 

Chanel fecha a sua Maison e deixa Paris, durante várias semanas. Os outros costureiros não interrompem seus trabalhos, mas a lã e a seda desaparecem do mercado. Com tecidos de imitação, a alta-costura parisiense continua com as suas coleções.

As meias finas desapareceram do mercado, por falta dos tecidos que eram confeccionadas, como o náilon e a seda.

As meias foram trocadas por meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras.

No pós-guerra Chanel criou perfumes, luvas e as camélias estilizadas. Esta flor era a sua marca registrada.

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Com a libertação de Paris, em 1944, os soldados trouxeram além da alegria, o ritmo do jazz, as meias de náilon americanas e o perfume Chanel no. 5, para suas mulheres.

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Perfume Chanel no. 5

 

CHANEL E O AMOR DEPOIS DA GUERRA: DORMINDO COM O INIMIGO

 

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Hans Gunther von Dincklage e Coco

 

No clima sombrio de 1944, Chanel é detida. Mas, logo depois ela foi solta. As mulheres que tiveram relações sexuais com os alemães, os chamados colaboracionistas, tinham a cabeça raspada e às vezes eram levadas às ruas, nuas para serem ridicularizadas pela população.

A sua ligação com Hans Gunther von Dincklage, um oficial alemão deixou a população francesa ressentida com a estilista.

O oficial partilhou da vida de Chanel durante e após a Ocupação. Ele dizia para Chanel que era da embaixada, quando na verdade ela era o responsável pela propaganda do Reich em Paris.

Chanel depois desta confusão toda, ela resolve deixar Paris e ir para Suíça. Lá ficou por 15 anos.

Neste período, “o dono da moda” em Paris era Cristian Dior.

No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a praticidade, características da moda lançada por Coco Chanel anteriormente. As restrições de tecidos foram suspensas nos Estados Unidos e em 1949 na Europa.

A maquiagem era improvisada com elementos caseiros, porque o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.

A moda era chamada de “ready-to-wear” (pronto para usar) que é a forma de produzir roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu.

O isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para criar sua própria moda. Os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos foi um sucesso de vendas.

Em 1946 foi lançado o primeiro biquíni (que deve seu nome a um atol oceânico onde o exército americano experimentava suas bombas atômicas), inventado por Louis Réard (FAUX, 2000, p. 146)

Em 1949, Simone de Beauvoir publica “O Segundo Sexo”, criticando a felicidade da vida doméstica, uma lamentável regressão feminina, segundo a autora. (FAUX, 2000, p. 152)

 

A MODA DOS ANOS 50, COM CHRISTIAN DIOR E O NEW LOOK

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New Look de Dior – anos 50

Considerando ainda a escassez de tecidos, as mulheres reformavam suas roupas e utilizava materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. Mesmo depois da guerra, essas habilidades continuaram sendo muito importantes para a consumidora média que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso. As saias eram mais curtas, com pregas finas ou franzidas. As calças compridas se tornaram práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram muito usadas pelas mulheres.

O sucesso imediato do “New Look”, de Dior e  como a coleção ficou conhecida, indicava que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos com a guerra.

O estilista estava imortalizado com sua “obra”, que traduzia a visão da mulher extremamente feminina, que iria ser o padrão dos anos 50.

 

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Christian Dior no auge de seu estilo

 

 

CHANEL E O RETORNO DO EXÍLIO

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O retorno de Coco Chanel

 

Em 1953, Chanel volta ao trabalho e abre a sua maison no ano seguinte. Ela estava com mais de 70 anos.

Infelizmente, o desfile que realizou depois de sua volta foi um fracasso e ela admitiu que 15 anos de ausência a fez perder a prática. Ela precisou de 1 ano para recuperar-se, mas seu sucesso voltou foi nos EUA.

 

Sapato

Sapatos bicolor Chanel

Em Nova York, os compradores começaram a chama-la de Coco. E as mulheres adoraram o seu tailleur.

Ela vivia apenas para o trabalho, ela trabalhava diretamente no corpo das manequins.

O princípio da estilista francesa era a simplicidade somada com a elegância, como o famoso vestidinho preto. Seus modelos eram enxutos, despojados de decoração, em cores neutras e de formas simples, batizados como “pobreza de luxo”. (Mackenzie, 2010, p. 75)

Suas criações não tinham nomes, apenas números. As manequins quando se apresentavam carregavam um número fixado em sua roupa.

ANOS 60: A MODA RETORNA AO CINEMA 

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Figurino de Chanel para o filme 

“Ano passado em Marienbad”,  (1961)

O estilo da personagem Delphine, no filme “Ano Passado em Marienbad”, de 1961, com direção de Alain Resnais, foi de Coco Chanel. “Ano passado”  é um grande filme de arte, com cenário barroco e personagens complexos.

COCO CHANEL: UMA MULHER,

UMA MARCA 

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Chanel

Ao longo dos anos, Chanel e suas roupas revelaram a imagem feminina que passou por grandes transformações e que foram representadas na passarela e na tela e acabou sedimentando um perfil da mulher sofisticada e moderna.

Segundo os estudiosos da moda, Coco foi a estilista mais importante do século XX e morreu aos 87 anos, em 10 de janeiro de 1971.

Em pleno Modernismo ela criou um novo estilo para a moda. A criação do tailler (saia/casaquinho, com bolsinhos), o vestido de jérsei, o vestido preto em 1926, o cabelo estilo Chanel (corte de cabelo curto para mulher) e a moda unissex.

A Broadway também quis se apropriar um pouco de Chanel, quando lançou um musical baseado em sua vida, na década de 70. No papel de Coco, a atriz Katharine Hepburn.

Para Chanel a moda não é arte, é apenas um ofício. Mas, a fama e o sucesso pelo seu trabalho, compensaram a estilista que fundou nada menos do que a empresa de vestuário Chanel S/A, uma marca eterna.

 

Rosângela D. Canassa

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A ERA CHANEL E A MODA NAS DÉCADAS

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A estilista Coco Chanel, em 1937

A moda não existe apenas nos vestidos; a moda está no ar, é o vento que a traz, nós a respiramos, a pressentimos, ela está no cêu e no chão, está ligadas às ideias, aos costumes, aos acontecimentos.” , dizia a estilista francesa Coco Chanel.

Apesar da sofisticação, a roupa de Chanel torna-se um fenômeno de massa e neste sentido, distancia-se da arte enquanto poética atemporal e irrepetível, embora muitas vezes comuniquem-se em alguns aspetos, segundo Costa. (Costa, 2009, p. 39)

 

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A sofisticação na moda de Chanel

 

Na década de 20, a beleza exuberante do Art Nouveau é substituída pela beleza funcionalista. A luta contra o elemento decorativo é o traço mais marcante desta beleza funcional. (Eco, 2010, p. 372)

Eco acrescenta também que, no circuito das mercadorias, os aspectos qualitativos da beleza transferem-se, cada vez com mais frequência, para os aspectos quantitativos, no sentido que de, a função é que determina a apreciação de um objeto. (Eco, 2010, p. 377)

Portanto, a moda durante o Modernismo deveria ser bela, mas funcional.

 

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A moda nos anos 20

Coco Chanel, com seu estilo denominado popularmente  “chique pobre” pode-se considerar como uma moda funcional. A estilista criava as suas roupas conforme as necessidades, quando recorre às calças de montaria são para montar, bem como, as calças compridas para as mulheres que trabalhavam fora de casa.

 

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Chanel e a invenção das calças para as mulheres

 

Chanel oferece roupas suntuosas ou então os tailleurs que as americanas adoraram e aderiram.

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Tailleur de Chanel

 

A icônica bolsa de Coco, com a alça de correntes é um modelo muito copiado no mundo.

 

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Modelos Chanel

 

O estilo de Coco Chanel eram os cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos, durante toda a década.

 

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Estilo Chanel

 

De vento em popa, Coco foi criando os seus trajes e lançava uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas.

 

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As meias em tons de bege

A MODA LA GARÇONNE: NA ROUPA E NOS CABELOS

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Cabelo La Garçonne

O livro La garçonne, publicado em 1922, obra de Victor Marguerite, é um romance que conta a história de uma moça decepcionada com os homens e preferiu viver sem eles. (FAUX, 2000, p. 36)

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A ofensiva da moda dos cabelos curtos começou em maio de 1917 e Paul Morand dizia no seu diário: “De alguns tempos para cá, a moda entre as mulheres é usar cabelos curtos. Todas fazem isso...” (Charles, 2007, p. 143)

A moda no Modernismo era simples e foi representada pelo visual garçonne, que sugeria a libertação dos espartilhos e uma mudança radical na forma do corpo feminino.

As mulheres usavam “achatadores” de seios, dietas, para a “silhueta de serpentina”. (Mackenzie, 2010, p.75)

Para estar na moda era determinante ser ágil, magra e jovem, não muito diferente de hoje. Contida e linear, a moda modernista era a antítese das vestes pesadas da Belle Époque.

O novo e andrógino estilo, batizado de visual garçonne dominou a moda até 1929. (Mackenzie, 2010, p. 74)

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Moda Le Garçonne

O FAMOSO VESTIDINHO PRETO DE CHANEL:  A SEMELHANÇA É GARANTIA DE QUALIDADE

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A exposição de 1925 deixou seus rastros com o sucesso do estilo do art déco, um mobiliário sem ornamentos. E a moda acompanhou este movimento e foram os vestidos pretos de Chanel que inspiraram o estilista Poiret seu célebre dito: “O que Chanel inventou? A miséria do luxo.”

Depois desta alfinetada de Poiret, o vestido preto fez mais sucesso ainda tornando-se um ícone da moda Chanel. A estilista inventa também o pijama de praia. Uma mulher de calças! As pessoas nunca tinham visto aquilo, um escândalo.

A MAQUIAGEM NOS ANOS 20

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Maquiagem anos 20

 

A boca era carmim, pintada para parecer um arco de cupido ou um coração; os olhos eram bem marcados, as sobrancelhas eram delineadas a lápis; a pele era branca, o que acentuava os tons escuros da maquilagem.

Os anos loucos

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Os “anos loucos” perduraram entre 1919 à 1929, que vai do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), até a quebra da bolsa de Nova Iorque (1929), que leva à falência boa parte do mundo.

Mas, Paris era uma cidade turbulenta, com sua efervescência cultural e as novas invenções tecnológicas. E a revolução do consumo se seguiu logo após a Revolução Industrial e manifestou-se por meio da ascensão das lojas de departamentos. (Mazzeo, 2011, p. 40)

 

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A moda nos lojas de departamento

Paris era o lar de artistas e intelectuais que movimentaram os cafés da Rive Gauche e o período da arte moderna, do século XX. Os astros do momento eram Josephine Baker, Samuel Beckett, Coco Chanel, Colette, Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, James Joyce, Modigliani, Picasso, Cole Porter, Gertrude Stein e Joséphine Baker.

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Joséphine Baker

 

A Exposição das Artes Decorativas em Paris, em 1925, teve o caráter explosivo das festas esportivas sendo uma maratona internacional das artes, decoração, joalheiros, cartazistas, vidreiros e todos adotam o negro, a cor predominante do momento.

La Rue Nègre é onde o mundo negro exerce sobre o mundo branco, um fascínio, onde os aficionados pela arte negra se encontram. O gosto pelo jazz se encontra nesta rua, bem como, na dançarina Joséphine Baker. Aos 19 anos, a corista é uma completa desconhecida de Missouri e canta desde os 8 anos de idade.

As mulheres tomavam banho de sol nas praias usando cordões de pérolas e os ricos boêmios e bêbados, cambaleavam de uma festa extravagante a outra. (Mazzeo, 2011, p. 67)

A década de 20 é caracterizada pela audácia, a busca de embriaguez e a emancipação das mulheres. Todos se lançaram ao que fazia viver mais intensamente, mais depressa; a magia da aviação, a loucura do charleston e os bólidos conversíveis. (Faux, 2000, p. 106)

Era uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das jazz-bands e o charme das melindrosas, as mulheres modernas da época, segundo autor.

 

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Flaper ou melindrosa

A mulher jovem usava saia curta, meia fina e enroladas nos joelhos e sapatos de salto, eram as flappers, muito semelhante às melindrosas no Brasil.

(CONTINUA NA DÉCADA DE 30)

A ORIGEM DA MODA E AS SUAS TRANSFORMAÇÕES

Início do século

A palavra moda vem do latim e significa modus. É a tendência da atualidade para o consumo e composta de vários estilos, sendo uma forma passageira e facilmente mutável.

A moda surgiu no final da Idade Média e passou por várias transformações, seguidas de mudanças físicas, sociais e culturais, ao longo do tempo.

clip_image002A moda na Idade Média

O fenômeno da moda pode ser considerado como um reflexo de uma sociedade, como uma linguagem não verbal, mas que comunica o tempo todo.

 

clip_image004A moda é uma comunicação não-verbal

Os 5 (cinco) elementos principais escolhidos pelos estilistas são: cor, silhueta, caimento, textura e harmonia. O estilismo está relacionado ao design da roupa.

clip_image006Os 5 elementos da moda

A INVENÇÃO DA CRINOLINA

clip_image008Débora Kerr (filme o Rei e Eu – 1956) - Designer Irene Sharaff

clip_image010Crinolina

Com o advento da crinolina, no século XIX, a moda passou a ser considerada um fenômeno universal. Até então, cada povo convivia com as suas diversidades relacionadas ao vestuário e numa mesma época.

Ainda hoje, a burka é amplamente usada pelas mulheres muçulmanas, mas neste estudo considerei apenas a cultura ocidental.

clip_image012Burka

A INVENÇÃO DA MÁQUINA DE COSTURA

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Da perspectiva do vestuário houve também uma sensível democratização inicial, pela invenção da máquina de costura, em 1860.

Neste contexto de transformações, muitas vezes o traje foi objeto de reflexão e transformou-se em meio de expressão e suporte para criação, de que os artistas apropriaram-se sob as mais variadas perspectivas durante o Modernismo.

clip_image015Sarah Benhardt por Andy  Warhol

A INVENÇÃO DA FOTOGRAFIA

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Segundo Cacilda Teixeira da Costa em sua obra A Roupa de Artista – o vestuário na obra de arte, a fotografia inventada em 1830, foi um fator decisivo na transformação das artes visuais, como tão bem observa Walter Benjamim.

O francês Louis Daguerre inventou a primeira máquina de produzir fotos e sua difusão resultou, entre outras coisas, na liberação de algumas das atribuições da pintura, como a de retratar a imagem de governantes, políticos e poderosos (em que os trajes têm grande importância), o que passou a ser feito pelas reproduções veiculadas em revistas e jornais.

clip_image017Máquina de fotografar

Nesse prisma, a invenção da fotografia pode ser vista como a descoberta de um instrumento que, além de constituir um meio de arte em si, veio modificar o trabalho dos artistas, livrando-os de parte de suas atribuições e permitindo-lhes focar em dimensões do trabalho artístico nas quais a câmera não os poderia substituir. (Costa, 2009, p. 36)

Costa acrescenta também que, a fotografia surgiu nos contextos de outras invenções importantes como os processos de reprodutibilidade e a mecanização da indústria que tornou possível a invenção do cinema.

clip_image018Viagem à lua – 1902 – George Méliès

No final do século XIX, a difusão das imagens veiculadas por processos afetaram diretamente a estrutura organizacional econômica, política, cultural e da sociedade.

Assim foi possível o surgimento dos meios de comunicação de massa, concretizados na imprensa e no cinema.

A MODA NO SÉCULO XX

clip_image020Cena do filme “O discurso do rei” (2010)

A consolidação da Revolução Industrial possibilitou a produção em larga escala e ficou mais barato se vestir, à partir das lojas de departamento. Nesta perspectiva, o indivíduo adotou o modelo europeu como vestimenta, em todas as camadas sociais, apenas adaptando-se ao clima e a sua crença religiosa.

A MODA NO MODERNISMO

clip_image022Cartaz La Revue Blanche - Revista símbolo da intelectualidade francesa no período do Modernismo

O termo Modernismo abrange uma série de movimentos do início do século XX, unidos em torno da rejeição ao historicismo.

Os modernistas abraçaram o progresso e buscaram aprimorar a experiência humana por meio da ruptura com os valores passados.

Importante canal de expressão desse pensamento, a moda acolheu de vez os princípios do Modernismo após o fim da Primeira Guerra Mundial. (Mackenzie, 2010, p. 74)

OS CRIADORES DA MODA

clip_image024Charles Frederick Worth – pai da alta costura

O que era feito por costureiras que visitavam os seus clientes em suas casas, especialmente na França eram conhecidas como marchandes de modes (fornecedores de materiais em francês).

O primeiro estilista foi o inglês Charles Frederick Worth (1825-1895), que elevou a atividade da confecção do vestuário para o patamar de artista.

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Modelo de Worth para a esposa de Napoleão

A esposa de Napoleão, a Imperatriz Eugênia encomendou-lhe alguns vestidos e tornou-se sua cliente. Nos bailes imperais nenhum vestido poderia ser repetido e Worth tornou-se uma celebridade.

Seguiu-se Paul Poiret (1879-1944), influenciado pelo Art Nouveau de Viena, fundado por  Gustav Klimt.

clip_image027O estilista francês Paul Poiret

 

Poiret havia chocado a capital parisiense naquele verão com o lançamento dos seus novos perfumes, tornando-o o primeiro costureiro da história a ter um aroma com a sua assinatura. (Mazzeo, 2011, p. 42)

clip_image028Figurino de Paul Poiret da belle époque

AS MULHERES LIVRES DOS ESPARTILHOS

clip_image030A tortura de usar um espartilho

À partir de 1914, com a urbanização as mulheres queriam roupas mais confortáveis e o estilista francês Paul Poiret livrou-as do espartilho.

clip_image032O espartilho

O estudo do espartilho encontra-se neste blog no artigo sobre o filme “Maria Antonieta”.

(O TEXTO SOBRE MODA CONTINUA COM A ERA CHANEL)